Friday, November 28, 2014

" A Arte de Ser Feliz"

                                     

Houve um tempo em que a minha janela se abria para um chalé. Na ponta do chalé brilhava um grande ovo de louça azul. Nesse ovo costumava pousar um pombo branco. Ora, nos dias límpidos, quando o céu ficava da mesma cor do ovo de louça, o pombo parecia pousado no ar. Eu era criança, achava essa ilusão maravilhosa, e sentia-me completamente feliz.

Houve um tempo em que a minha janela dava para um canal. No canal oscilava um barco. Um barco carregado de flores. Para onde iam aquelas flores? quem as comprava? em que jarra, em que sala, diante de quem brilhariam, na sua breve existência? E que mãos as tinham criado? e que pessoas iam sorrir de alegria ao recebê-las? Eu não era mais criança, porém minha alma ficava completamente feliz.

Houve um tempo em que a minha janela se abria para um terreiro, onde uma vasta mangueira alargava sua copa redonda. À sombra da árvore, numa esteira, passava quase todo o dia sentada uma mulher, cercada de crianças. E contava histórias. Eu não a podia ouvir, da altura da janela;  e mesmo que a ouvisse, não a  entenderia, porque isso foi muito longe, num idioma difícil. Mas as crianças tinham tal expressão no rosto, e às vezes faziam com as mãos arabescos tão compreensíveis, que eu participava do auditório, imaginava os assuntos e suas peripécias e me sentia completamente feliz.

Houve um tempo em que a minha janela se abria sobre uma cidade que parecia feita de giz. Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco.Era uma época de estiagem, de terra esfarelada, e o jardim parecia morto. Mas todas as manhãs vinha um pobre homem com um balde e, em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas. Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse. E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros, e meu coração ficava completamente feliz.

Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor. Outras vezes encontro nuvens espessas. Avisto crianças que vão para a escola. Pardais que pulam pelo muro. Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais. Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar. Marimbondos que sempre me parecem personagens de Lope de Vega. Às vezes, um galo canta. Às vezes, um avião passa. Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino. E eu me sinto completamente feliz.

Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem, outros que só existem diante das minhas janelas, e outros, finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.
             
(Grande Cecília Meireles em "A Arte de Ser Feliz")



 Disclaimer:

 Essa crônica foi "trucidada" por "surrupiadores " e "surrupiadoras" da  Web, que a transformaram e um poema que rola no Google com o mesmo título. Coitada de Cecília, nem a ela respeitam.

Usarei os mesmos argumentos que já citei em posts anteriores: a arte de ver é um "idioma difícil". Mas,na minha opinião,tudo é uma questão de "aprender...o idioma,o olhar".Há muitas pessoas de visão perfeita que nada veem.Nietzsche sabia disso e afirmou que a primeira tarefa da educação é aprender a ver."Não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores.Não basta abrir a janela para ver os campos e os rios",escreveu Caeiro,heterônimo de Fernando Pessoa.Já Cummings dizia: "agora os ouvidos dos meus ouvidos acordaram e agora os olhos dos meus olhos se abriram".Quem nunca aprendeu essas lições, não fique triste, ainda há tempo.Quem diz sou eu,Lau.



nos ouvidos :)  porque a musiquinha,no tema,tá aqui.
E aqui há outra.

Um bom fim de semana para os meus fiéis leitores. 

Um beijo
Lau






Mais sobre Cecília  pode ser visto
aqui.
Imagem com direitos autorais, feita by me na última viagem a Rotemburgo, na Alemanha. 
Fonte: "Escolha Seus Sonhos", Cecília Meireles, Eitora Record.

Wednesday, November 26, 2014

Da série "citações": Filosóficas, Populares,Cinéfilas e Literárias.

"Eu acordei o dia".
(petit filósofo e poeta, Elio Milesi)

"Nunca me irritei de passar por distraído (a): isso me permitiu arriscar-me a cometer muitas negligências que me teriam encabulado".
(Montesquieu)

"Acordo de manhã com uma alegria secreta;vejo a luz com uma espécie de arrebatamento.Todo o resto do dia fico contente".
(Montesquieu)

"A vida não é uma canção, querida. Aprenderá isso um dia, para sua tristeza."
(George R. R. Martin - A Guerra Dos Tronos

"Rã sem pescoço avec tetas caídas, no "voo"-
 acabam  feridas no poço do calabouço".
(Seu Anselmo, o jardineiro do Parque da Catacumba, que se diz "fazedor" de  rimas) 

"Eu não tenho inimigos,tenho fãs revoltados".
(ditado popular)


     "Meus pensamentos são estrelas que eu não consigo arrumar em constelações".
                                                     (A Culpa é das Estrelas)

"Mamãe passou açúcar ni mim".
(MC Duduzinho)

"O verão me dá uma peninha infinita dos que já morreram. Verão é o verbo de ação. Verão é a única estação explícita.As outras são tímidas intimidadas, mal definidas, aculturadas".(Affonso Romano de Sant´Anna, em "Viver o Verão")

"Ela sempre foi muito esperta, mesmo quando era criança.  
Mas uma coisa é ser esperta, outra é ser sábia."
(Catelyn - A Guerra dos Tronos)

"O problema não é ser mentira. É ser mentira desqualificada".
(Provérbio da Munhava)

"Não existe amor verdadeiro".
(Maleficent) o da Angelina, a Jolie do Brad Pitt. 

"Tenha piedade dos vivos e, acima de tudo, dos que vivem sem amor".
(Harry Potter e as Relíquias da morte)

"Acima de mim só Deus e os passarinhos"
(Poeta Manoel de Barros)

"Não sou meu sobrevivente e sim meu contemporâneo".
(Murilo Mendes)

"O estandarte do rei não é de púrpura e brocado, é um lírio flutuante sobre o caos/onde ambições se digladiam e o ódio se estraçalham".
(Drummond in Farewell- O Rei Menino)

"Transeuntes eternos por nós mesmos, não há paisagem senão o que somos. Nada possuímos, porque nem a nós possuímos. Nada temos porque nada somos. 
Que mãos estenderei para que universo? 
O universo não é meu: 
sou eu".
(Bernardo Soares, no Livro do Desassossego)

lau 

"Um olá" 

    Olá amigos que me leem, desculpem o abandono do blog. Fiz uma pequena viagem,voltei, mas estava com hóspedes em casa até hoje. Com isso o tempo fica pequetitinho.E, como sempre, acabamos abrindo mão do que nos faz bem, do que gostamos.E meu blog é um dos... que me fazem um beeeeeem. Obrigada pelos e-mails preocupados e de saudades... :) 
Hoje, deixo umas citações (gosto de colecioná-las,além de elefantes) que anotei nesse período em que estive off.
Mesmo na era da tecnologia, não abro mão da minha agenda.
Adoro agendas! Quem não gosta, né?
Um beijo e boa semana!
lau ♥


Ah, já ía esquecendo do ♪ sonzinho rs.Hoje,deixo Carla Bruni.
Já publicado aqui há algum tempo atrás. 
É só clicar aqui .






Referências:
"Mes pensées" de Montesquieu; " Algumas Sonoras e visuais"=  ouvi e vi por aí...;
Affonso Romano de Sant´Anna; Murilo Mendes: Poeta Manoel de Barros; "Gosto de Cinema"; Clube dos Cinéfilos; Carlos Drummond de Andrade_Farewell; 
Livro do Desassosego- Heteronímia (Bernardo Soares, multi Pessoa)


Imagem: Karlie Kloss ,by Patrick Dermachelier-Vogue-USA.

Wednesday, November 19, 2014

Da Série Trechos de Livros ( III)

Presságios Favoráveis -Magritte

 "Por isso , o sábio disse: "não sou eu que falo de uma maneira e vivo de outra .És  tu que entendes uma coisa por outra.Está ouvindo o que te chega aos ouvidos, mas não procuras entender o significado das palavras".


"Como são vãos os seus esforços, continua a forçar passagem pelos aposentos do palácio mais interior, nunca conseguirá vencê-los; e mesmo que o conseguisse, ainda assim não teria alcançado; teria que lutar para descer as escadas; e se o conseguisse, nada teria alcançado: ainda teria os pátios para atravessar; e depois dos pátios o segundo palácio que os circunda: e outra vez escadas e pátios; e mais um palácio;e assim por diante, por milênios..."

(Franz Kafka in "uma mensagem  do imperador")



"Insetos sonham ser olhados pelo Sol.Mas só a chama da vela os vela".


" Rir juntos é melhor do que falar a mesma língua".
     (Mia Couto in "Venenos de Deus, remédios do Diabo")


 "De mim virá a vingança ,e também a recompensa".
(Tolstói in Anna Kariênina-Epígrafe)





Um bom feriado para os amigos que me leem.

Um beijo e até...

Lau ♥





Recadinho:
 O link dos comentários não estará disponibilizado, mas na semana que vem estará de volta. 
Desculpem-me.







Fontes: Sêneca; Liev Tolstói in "Anna Kariênina"; Kafka, na epígrafe de "Mongólia",de Bernardo de Carvalho; Mia Couto in "Contos do Nascer da Terra" e "Venenos de Deus, Remédios do Diabo".
Imagem : Presságios Favoráveis by Magritte 


Monday, November 17, 2014

"Futebol e Poesia" ( Na linguagem de Drummond e Manoel de Barros)

(Mount of Olives-Jerusalém- by © SC Milesi )

Futebol se joga no estádio? 
Futebol se joga na praia, 
futebol se joga na rua, 
futebol se joga na alma. 
A bola é a mesma: forma sacra 
para craques e pernas-de-pau. 
Mesma a volúpia de chutar 
na delirante copa-mundo 
 São voos de estátuas súbitas,
 (excerto de "Futebol")
(Carlos Drummond de Andrade in Poesia Errante) 
(link com news sobre Drummond)





" Disclaimer" 


Sabe quando a gente se sente bem, sabendo que cumpriu uma missão com louvor?Pois é, assim me sinto ao chegar quase ao final de 2014 e, também, depois que passou todo o blá, blá, blá da Copa do Mundo, momento em que "os profetas do apocalipso" "urubuzavam" o nosso país. Me sinto realizada não só porque tudo deu certo e, principalmente,pela minha primeira obra-prima,meu primeiro poema:meu filho, meu primogênito. É dele essa foto, feita na sua última viagem a trabalho para a Jerusalém envolvendo assuntos "futebolísticos".

Desde a hora em que recebi a foto, me apaixonei por ela.Não sei explicar o motivo.Lembrei de Manoel de Barros quando dizia que imagens são palavras que nos faltaram, corri para meu eterno parceiro Drummond e peguei algumas palavrinhas de Humberto Miranda numa homenagem em que fez ao saudoso e querido poeta Manoel,quando de sua partida há 4 dias:

(...)"essa vida é besteira,chega e passa.E o mundo continua de ignorãças sãs,os estádios de futebol,por exemplo: são coisas de brincar.Como dizia Manoel,se a palavra falta, a gente cria a imagem de seu entendimento no jogo da sensibilidade.Hora de narrar o inenarrável.

Os meninos invadem o gramado, todos, imaginando o futebol como arte, traquinagem.

A bola voa pelo campo conduzidas por centenas de borboletas amarelas.Ponham a cor que quiserem.Para os meninos aprender a tanger centenas de borboletas é que cria a possibilidade de fazer o gol.

"Meninos são assim".Tangem borboletas para que a bola vá de asas à meta só porque vivem de sonhar.

Cabeceiam o vento porque viram o Pelé socar o ar...

Os meninos tangem as bolas para os lados das meninas. Tentam dar dribles como Garrincha.Perto delas amam bobinhos e começam a se amostrar.

Os mais atrevidos,matam no peito e experimentam a paixão; outros mais literários, proporcionam gol de letras, passes de primeira, chutes de efeito... tudo que também nem chegou a ser coisa ainda.

Não há zagueiros e nem volantes.Só atacantes e meias.A meia-lua é inteira,a grande área, pequena e a meta, imensa.

O campo imaginário fica localizado no campo imaginário que não é.

Nesse estádio, todos correm e a bola voa com as borboletas amarelas, sem aplacar.

Geraldinos e arquibaldos flutuam a cada expectativa de abraços,gol após gol.O que dizer quando abraços estão no ar?

Na vida,todos passam: os goleiros, os passarinhos...

Viva Drummond! Viva Manoel !! 

 L.M.                                                                





 Uma boa semana para os amigos que me leem.


 Lau






Aqui pode-se conhecer o Monte das Oliveiras,Jerusalém.


Imagem com direitos autorais

Texto (excertos) do blog de Juca Kfouri, by Humberto Miranda.
Fonte: Carlos Drummond Andrade in Poesia Errante.

Thursday, November 13, 2014

"Um dia de inutilezas...e de tristeza"

                                    ( o poeta, florais de Bach...e a estrada...)



E os lindos "manoelês"

" (...) O azul é muito importante na vida dos passarinhos
porque os passarinhos precisam antes de belos ser eternos.
Eternos que nem uma fuga de Bach".

"Com as palavras se podem multiplicar os silêncios." 

"As coisas mais bonitas não existem".
(Felisdônio)

"Eu sei dizer sem pudor que o escuro me ilumina".

"A reta é uma curva que não sonha".

"Tenho o privilégio de não saber quase tudo.
E isso explica
o resto".

  "Vejo um "ovo de anu" :)))) rsrs atrás do Outono".

"Não preciso do fim para chegar.
Do lugar onde estou já fui embora" 

"Desculpe a delicadeza. Meu olho tem aguamentos"

"As coisas não querem mais ser vistas por pessoas razoáveis: 
Elas desejam ser olhadas de azul –
 Que nem uma criança que você olha de ave".

"A voz de um passarinho me recita".

"Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo".

"Palavra poética tem que chegar ao grau de brinquedo para ser séria".

"A minha independência tem algemas". 

"Quem anda no trilho é trem de ferro, sou água que corre entre pedras.
Liberdade caça jeito".

"Você vai encher os vazios com as suas peraltagens". 

"Tem hora leio avencas.
Tem hora, Proust".

"Que a importância de uma coisa há que ser medida pelo encantamento 
que a coisa produza em nós".


(Grande, imenso Poeta Manoel de Barros) (link)


Disclaimer
" Hoje,neste dia de "inutilezas," estou  sem eternidades" desde cedo,quando ouvi a notícia de que o poeta  querido,Manoel de Barros, tinha virado estrelinha," luarizado-se",como diria o poeta Quintana, "partido para o encantamento",anunciaria o velho Guima...
Já sua neta,Joana, disse:" virou passarinho".
Eu adorava Manoel de Barros.E tinha um sonho que não consegui realizar: conhecê-lo.
Que descanse em paz, poeta Manoel de Barros
Vou sentir saudade do senhor. ♥


Lau


Uma bom fim de semana para os amigos que me leem.
L.M.






 Minha admiração pelo poeta Manoel de Barros pode ser relembrada nos aquis abaixo:

Ó aqui . Aqui . E aqui também. E há outros... como aqui.

Já aqui, :( a repercussão da partida de Manoel de Barros. E aqui tb.




Fonte: Excertos de Obras do poeta  Manoel de Barros : "Livro Sobre  Nada"; " O Livro das Ignorãças"," A Didática da Invenção"; "A Poesia de Manoel de Barros_ Poesia Completa Bandeira".
Imagem captadas na Web e Pixdaus, editadas no Picasa.

Monday, November 10, 2014

" Sobre Muros"

 © Foto de Peter Leibing.

E se o poema opaco feito muro
te fizer sonhar noites em claro?
E se justo o poema mais obscuro
         te resplandecer mais que o mais claro?

 (Poeta Antonio Cícero in "Muro") link

 ( Em homenagem aos 25 anos da queda do "muro de Berlim"-link, comemorados ontem )



~~~~                                 424
"Outros "fences"








 Acompanhando o tema, é só colocar oe clicar aqui. (início é longuinho, mas vale a pena);


Boa semana para os amigos que me leem
Lau






Imagens: © Foto de Peter Leibing. O soldado Hans Conrad Schumann pula o "arame farpado" que separava as duas Alemanhas,dois dias depois do início da construção do muro, 1961. By Fernando Rabelo Fotografias Históricas e Abril.com

Demais imagens via web (com citações de Guimarães Rosa) e um montada no Picasa( a última)by euzinha, Lau.
  

Friday, November 7, 2014

Série Contos de Drummond / "A Fala Vegetal"



Não é mistério para os entendidos que há uma linguagem das plantas, ou, para ser mais exato, que a cada planta corresponde uma linguagem. Como a variedade de plantas é infinita, faz-se impossível ao entendimento, por muito atilado que seja, captar todas as vozes de vegetais. E só os mais perspicazes entre os humanos conseguem entender a conversa entre duas plantas de espécies diferentes: cada uma usa o seu vocabulário, como por exemplo num diálogo em que A falasse em espanhol e B respondesse em alemão.

Levindo,jardineiro experiente,chegou a dominar as linguagens que se entrecruzavam no jardim. Um leigo diria que não se escutava nada, salvo o zumbir de moscas e besouros, mas ele chegava a distinguir o suspiro de uma violeta, e suas confidências ao amor-perfeito não eram segredo para os ouvidos daquele homem.

Até que um dia as plantas desconfiaram que estavam sendo espionadas e planejaram a conspiração de silêncio contra Levindo. Passaram a comunicar-se por meio de sinais altamente sigilosos, renovados a cada semana. Em vão o jardineiro se acocorava a noite inteira no jardim, na esperança de decifrar o código. Enlouqueceu. Perdendo o emprego, as coisas não voltaram à normalidade.

As plantas haviam esquecido o hábito de conversar direito.Já não se entendiam, brigavam de haste contra haste, muitas se aniquilaram em combate. O jardim foi invadido pelas cabras, que pastaram o restante da vegetação. 




                                                                     
Disclaimer

"Os contos devem ser contados, e não entendidos;exatamente como a vida”,dizia Drummond.O que me encanta em Drummond, além de seu talento e sua timidez,é sua modéstia,o que falta a muuuitos no meio literário.Esse comportamento pode ser constatado através do título que o poeta deu a seu livro de onde retirei esse conto:
"Contos Plausíveis". 
Plausíveis nada. Sensacionais. 
 Drummond é perfeito. :) #soufãdecarterinha.





  O som tá aqui e "fala" sobre a falta de comunicação (link) entre as pessoas.Trata-se de  uma  nova letra do novo álbum de Pink Floyd, intitulada " Louder Than Words". É linda.





                                                                        ~~


E Hoje é o dia da grande poetisa Cecília Meireles,
aquela que disse:" Eu deixo aroma até nos meus espinhos, ao longe, o vento vai falando de mim". O Google fez um belo "doodle " em homenagem à poeta.
Está aqui.
~~

Bom fim de semana para os amigos que me leeem
Lau
 Bye






Imagens: "Goats" via Pixdaus, "Pinterest' e Web.                             
rsrsrs essas imagens são fofas ,:))                                          

Wednesday, November 5, 2014

"Dia da Cultura" em pe-da-ci-nhos de Drummond...

                                               
                Grande Poetinha Vinicius de Moraes,digno representante
-tb- da nossa cultura.
                                                                   

João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava... 
Lili não amava ninguém.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Seu coração enegreceu de repente

Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Neste país é proibido sonhar
não cantaremos o ódio, porque este não existe,
Que a vontade de Deus se cumpra.
Tirante Laura e talvez Beatriz o resto vai pro inferno

Jesus Jesus piedade de mim
Não sou ruim não
Por que me perseguem?
Porque meu verso me agrada sempre ? 

Depois de tantos combates
Uma luz que ninguém soube dizer 
de onde tinha vindo

Apareceu para clarear o mundo
E outro anjo pensou a ferida
Do anjo batalhador

O homem disse:
Breve irei a tua casa
E levarei minha mulher
O fato ainda não acabou de acontecer

E agora,José? 
a cidade sou eu?
Não sabia que a minha história
era mais bonita do que a de Robinson Crusoé.
    
E agora José? 
um segredo:
Clorindo Gato
foi esse o nome do santo
que perdera a alma  
e  nem de lupa foi achada
no jardim maltratado
(esta vida não presta);

E agora José? 
Quebraram o amor em mil partículas

 E agora, José?
Para te acordar
Do sono profundo
disfarço-me: leão

assim eu quisera ser

E agora, José?
O amor não adoecia nem ficava velho
resplandecia a cada dia
havia quem o invejasse...
 há...
Não se deve plagiar a eternidade 


E agora José?
-Eu te gosto, você me gosta
essa Lua,esse conhaque
Botam a gente comovido como o diabo
coisa levada;
coisa sabida,
mas preguiçosa. 

LM/CDA (link)

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                                                                    Disclaimer
Minha homenagem ao Dia da Cultura a todos que disseminam “cultura”, eu disse “cultura” nesse mundo virtual. E a homenagem vai em pe-da-ci-nhos de váááááárias obras de Carlos Drummond de Andrade.Quem quiser brincar de relacionar os versos aos poemas/contos do poeta e escritor,um bom exercício para memória,é só pescar as palavras-chaves que se deslumbrarão com as obras.Talvez algumas delas não existam na Web, pois a minha coleta foi feita, também, em livros que possuo sobre Drummond. Salve o Dia da Cultura !!

                                                                             


Para acompanhar Drummond, meu eterno parceiro e amigo,deixo uma canção bem antiga, mas que ainda faz o maior sucesso.  Tá aqui. ♪♪♪



                                                                    ~~



 Recadinho
  Obrigada aos dois novos @migos que ancoraram,chegaram no Renascendo.
Sejam bem-vindos!


Obrigada aos amigos que me leem
Um beijo
Lau


Imagem : Grafite do poetinha e letrista  Vinicius,a quem homenageio,também, pra que ele não sinta ciúme. :)

Fonte: Contos Plausíveis, Alguma Poesia, Contos de Aprendiz, Declaração de Amor, Farwell - (Carlos Drummond de Andrade) Editora Record. 

Monday, November 3, 2014

Série Contos de Drummond: "Alma Perdida"


Sigefredo botou anúncio classificado, dizendo que perdera sua alma, com promessa de gratificar quem a encontrasse. Não explicou - nem podia - como a tinha perdido.

Apareceram algumas pessoas trazendo pacotes com almas, e nenhuma era a dele. Não se ajustavam a seu corpo, e mesmo que ele quisesse fazer experiência, era evidente que não combinavam com o jeito de Sigefredo. E ele era muito ocupado. Não tinha tempo a perder.

Já se resignara a viver mesmo sem alma, quando uma noite encontrou a desaparecida, à porta de um bar, com aparência de pobreza, mas tranquila.

Seu primeiro impulso foi recolhê-la, mas pensando melhor achou que não valia a pena. A alma de Sigefredo também não manifestou interesse em voltar para ele. Dir-se-ia que aprendera a viver por conta própria, e mesmo naquele estado era independente.

Sigefredo passou por sua alma sem cumprimentá-la, entrou no bar e pediu o drink habitual. Ao sair, viu a alma, a pequena distância, dar alguns passos e saírem dos ombros duas asas, com que ela se alteou, voando para a Zona Norte.

(Carlos Drummond de Andrade,o Grande)  (link)




                                                               Disclaimer


Por que não darmos graças a Deus por nos ter dado Carlos Drummond de Andrade? Perguntou Gilberto Freire. Me junto a Freire e agradeço a Deus por nos ter dado o poeta considerado um dos maiores representantes da literatura brasileira do século XX . Drummond,através de suas belas obras,nos passa uma visão especial de mundo.

 ..."sou autor confesso de certo poema,insignificante em si, mas que a partir de 1928 vem escandalizando meu tempo,e serve para dividir no Brasil as pessoas em duas categorias mentais", declarou o  poeta, referindo-se ao tão conhecido poema "No meio do caminho",o mesmo que provocou furor no meio literário.Viva Drummond com sua inteligência, seu humor,sua rebeldia e sua carreira poética.Viva!! 


Obrigada aos amigos que me leem.
Boa semana!
Lau









Imagem capturada na Web
Fonte: Contos Plausíveis, página 33. Editora Record-Carlos Drummond de Andrade.

Sunday, November 2, 2014

Um Piano Morto (reposting) / Um Velho Tema


                                                            Graceland (interior)


Outono...Casa deserta...
O piano morto,extinto o lume...
Um coração que se aperta
E uma lágrima que cai...
Saudade ! Lírio cujo perfume
Entre os dedos de alguém ,fino e vago
se esvai... 

(Olegário Mariano (link)  in Piano Morto) excerto


~~
"Há mortos que não sabem que estão mortos- eis um velho tema desses 
relatos fantásticos ou fantasmais que a gente lê sem cansar nunca.
Como se não houvesse coisa muito mais impressionante em nosso próprio mundo!!!
Uma história, por exemplo, que começasse assim: há vivos
 que não sabem que estão vivos"...

(Grande Mario Quintana (link) in Um Velho Tema)





Disclaimer
Aos meus pais, nesse dia de saudade, e aos que já se foram, já viraram estrelinhas,"luarizaram-se", expressão tão bem criada  por Quintana,que também deixou saudade.♥
 Interrompi a publicação das obras de Drummond para fazer essa homenagem pois, conforme venho dizendo, meu blog está sendo gravado.
Amanhã seguirei com suas (de Drummond) obras.

~~

Minha mãe era fã do Elvis. Aqui está o som.

~~

Um beijo para os amigos que me leem
 Bom domingo de boas lembranças e saudade...
Lau









p.s. 
"Um piano morto", de Olegario Mariano, já  foi publicado no Renascendo. Está aqui.


Imagem,com direitos autorais,euzinha que dei o take ,feita em Graceland, (link) residência oficial de Elvis. Ao fundo, seu piano.