Wednesday, July 22, 2009

As Kombis ... do Croquete da Pamonha e do " Preconceito".

No princípio era um croquete, e não um verbo. (rs)Croquete para quem não conhece, o que duvido muito, é muito popular no Brasil e em Portugal. Há quem diga que em várias partes do mundo são encontrados sejam de carne moída, frango, camarão, bacalhau, sardinha ,atum, salmão,entre outros. Mas eu não quero falar sobre croquetes, coitadinhos. Deles até que eu gostava ... hoje em dia não mais. Frituras não fazem bem à saúde. Quero mesmo é conversar com vocês sobre aquelas Kombis que viviam anunciando croquetes, principalmente, aos sábados e domingos.

Cansaram de vender croquetes. Também, algumas ofertas eram às sete da matina e , segundo me consta, comer croquete sete da matina não é uma boa pedida nem para o estômago nem para quem necessita dormir.

Depois de algum tempo, veio a pamonha. Aqueeeela cantada aos quatro ventos: “Olha a pamonha, pamonha quentinha , pamonha gostosa, fresquinha. Esse era o grito do pamonheiro que tratava a pamonha com tanto carinho que dava gosto ... e vontade de provar. E você não se sentia uma “pamonha”, é bom que se diga.

A pamonha, vale lembrar, é um dos itens mais procurados das festas juninas, junto com seus colegas pipoca, quentão, pé-de-moleque. E ela não é só badalada nas comemorações de junho, ainda ganha muito espaço como quitute célebre principalmente no interior do estado de São Paulo – lugar no qual ficou mais famosa graças à cidade de Piracicaba . Foi lá, nos anos 60, que uma dona-de-casa local chamada Benedita Rodrigues passou a preparar e vender o doce.

Pois é, foi-se a era do croquete e a era da pamonha. E agora surge uma “nova" Kombi trazendo uma mensagem “repetitiva” e “subliminarmente” preocupante (rs)-depois vocês vão entender o motivo. Essa Kombi, com um alto-falante, sem cerimônia, anuncia: ”Compro geladeira velha, máquina de lavar velha, ar- condicionado velho, computador velho, janela velha, panela de pressão velha... grade velha...e por aí seguem as ofertas. Detalhe: só compra coisa “velha”. De novo, só os pulmões do comprador ... Como grita ! Que potência!! E quando o vento bate você só escuta aquele adjetivo: velha”,velha”...

A vontade que se tem é de jogar todos os aparelhos eletrodomésticos, mesmo os que não atendam às exigências do comprador, na cabeça do próprio. Quando o sono é interrompido, então ... nem vale a pena dizer o que se pensa .

Além de tirar o sossego dos moradores , ainda fica batendo na tecla “velha’, “velha ,”velha”, “velha”. Palavras, como diz a escritora Lya Luft, significam emoções e conceitos, portanto preconceitos.(rs) E preconceito é inadmissível, vocês hão de concordar. Mas eles existem e todo mundo sabe.

Um dia desses, comentei com uma vizinha o quanto era desagradável ser despertada por essa Kombi “preconceituosa". Ela concordou e eu rolei de rir com o seu argumento. Segundo ela, todas as vezes que o famigerado comprador de coisas “velhas” aparece na rua , ela liga o som de casa bem alto para que o marido não ouça as características da oferta de compra.

Eu perguntei o motivo e ela me respondeu sutilmente: “ eu hein, já não sou mais criança ...” e essa Kombi querendo coisas velhas ...rsrs

Um beijo, amigos.

Lau Milesi

E.T. : Como gosto de jogar limpo (rs), não escondo que essa é mais um dica para dizer que amanhã fico mais "velha". Ratifico: amo receber parabéns.

A Kombi da foto vende sonhos...bem melhor, pois nos induziria ao sono ...
Não encontrei outra ilustração...
Informações sobre a pamonha: "Site da pamonha".