Mulher, como te chamas? - Não sei.
Quando nasceste, tua origem? - Não sei.
Por que cavaste um buraco na terra? - Não sei.
Há quanto tempo estás aqui escondida? - Não sei.
Por que mordeste o meu anular? - Não sei.
Sabes, não te faremos mal nenhum. - Não sei.
De que lado estás? - Não sei.
É tempo de guerra, tens de escolher. - Não sei.
Existe ainda a tua aldeia? - Não sei.
E estas crianças, são tuas? - Sim.
(Ao Haiti,o país mais pobre das Américas, devastado pelo furacão Matthew. (link)
O balanço provisório é de 900 pessoas mortas.Muito triste! )
#PrayforHaiti
O balanço provisório é de 900 pessoas mortas.Muito triste! )
#PrayforHaiti
Disclaimer
Gosto demais da conta da poesia dessa polonesa.Gosto da simplicidade com que ela escreve.Já publiquei uma outra obra de Wislawa aqui.E o poema "Vietnã", em especial,me tocou profundamente.Mesmo com a guerra e, provavelmente, com um tirano a inquirindo, em estado de choque-o que me pareceu- a mulher, totalmente desorientada, é pressionada a declarar tomadas de posições,o que não aparenta não ter condições no momento.Inteiramente perdida,só ao ouvir a palavra " filhos" demonstrou lucidez para reivindicar sua origem,sua família.
Um poema sensível e feminino.
Espero que apreciem.
Um bom fim de semana para os amigos que me acompanham.
Beijo
Lau
Arte de Xi Pan.(link)
WISLAWA SZYMBORSKA (link) foi Prêmio Nobel de Literatura em 1996.