Aquele homem era evitado em sociedade porque, ao chegar à festa, chovia muito, e ao sair caía outro pé d´água. Nos grandes jantares, a chuva não se interrompia e até, inexplicavelmente, *rorejavam pingos na sala , em torno dele.
Não recebendo mais convites, e gostando de reuniões, teve de transferir-se para os restaurantes, mas sua presença continuava a provocar precipitação de água. No fim de certo tempo, os gerentes ligaram uma e outra coisa, e proibiram-lhe a entrada em seus estabelecimentos.
Não recebendo mais convites, e gostando de reuniões, teve de transferir-se para os restaurantes, mas sua presença continuava a provocar precipitação de água. No fim de certo tempo, os gerentes ligaram uma e outra coisa, e proibiram-lhe a entrada em seus estabelecimentos.
Condenado a comer sozinho em casa, ele sofria de solidão e tentava restabelecer contatos sociais.A muito custo, obteve convite para um ajantarado modesto, no subúrbio, e tudo ficou bem até a hora do café. Nesse momento uma nuvem escureceu o ar, e desabou sobre a casa um dilúvio que mergulhou em verdadeira catarata, jogando-a ao solo como se fosse feita de papel.Morreram todos, inclusive o convidado.
O Dr. Maximo Gervásio, que fez a autópsia do promotor de chuva, verificou em seu organismo curiosa anomalia: a existência de um órgão que atuava sobre a atmosfera, em determinadas circunstâncias,provocando aguaceiro.Lamentou que essa propriedade não houvesse merecido a atanção dos poderes públicos, para utilização nas zonas desérticas do país.
(Carlos Drummond de Andrade, o Grande) (link)
Já Drummond dizia :"Há muita coisa a emendar em meus contos".
"Às vezes eles saem totalmente ao contrário daquilo que pretendiam contar.
Costumam até ficar melhor, mas nem sempre". Que humildade!(eu quem digo)
"Certos contos, os mais simples, parecem inverossímeis, e os inverossímeis,pois também escrevi alguns dessa natureza, despertam o comentário:
"Tudo pode acontecer", escreveu Drummond.
O sonzinho, no tema, tá aqui.
Bom fim de semana aos amigos que me visitam.
Lau
(Carlos Drummond de Andrade, o Grande) (link)
Disclaimer
Ao ler esse conto, pensei logo na falta de chuva, que é real no meu estado e em outros do Brasil, conforme declarou a metereologista Marlene Leal . "Estamos vivendo uma situação de bloqueio, ou seja, uma massa de ar quente e seco que impede a aproximação de frentes frias nas regiões", declarou Marlene.
Já Drummond dizia :"Há muita coisa a emendar em meus contos".
"Às vezes eles saem totalmente ao contrário daquilo que pretendiam contar.
Costumam até ficar melhor, mas nem sempre". Que humildade!(eu quem digo)
"Certos contos, os mais simples, parecem inverossímeis, e os inverossímeis,pois também escrevi alguns dessa natureza, despertam o comentário:
"Tudo pode acontecer", escreveu Drummond.
Drummond é o cara. Sempre viveu à frente de seu tempo, dá pra ver.Já pensou esse "homem que fazia chover" como seria disputado, atualmente, pelas autoridades brasileiras e até internacionais? Quem pergunta sou eu, Lau.
Esse Drummond...
Esse Drummond...
O sonzinho, no tema, tá aqui.
Bom fim de semana aos amigos que me visitam.
Lau
Imagem by Pixdaus
E.T. * rorejar: V.t. Ação de gotejar; derramar gota a gota; pingar ou destilar.
Fonte: "Contos Plausíveis", página 126- Editora Record-Carlos Drummond de Andrade.
Fonte: "Contos Plausíveis", página 126- Editora Record-Carlos Drummond de Andrade.