Corre um rio de minha boca
Corre um rio de minhas mãos
Dos meus olhos corre um rio.
Na verdade sofro de excessos,
Que me dão certo vocabulário.
Como derramar. Escorrer. Atravessar.
Tenho a impressão de que
tudo vaza em sobras.
Tenho dificuldade em caber.
Dos meus olhos corre um rio.
Na verdade sofro de excessos,
Que me dão certo vocabulário.
Como derramar. Escorrer. Atravessar.
Tenho a impressão de que
tudo vaza em sobras.
Tenho dificuldade em caber.
(Viviane Mosé)
Uma beijoca
Lau
Lau
Fonte : Livro Desato (pág, 21)- "Rios".
Viviane Mósé , psicóloga, psicanalista ,poetisa e escritora, é capixaba e vive no Rio de Janeiro desde 1992.
Como CHACAL (poeta e letrista) vê Viviane (no que concordo) : “Viviane escreve com o quê? Com o pé, marcando o compasso que vem de uma antiga melodia, geratriz da poesia. Com o ouvido, tirando de cada palavra, todos os tons. Com a boca, soprando sobre a palavra, um sentido único. Com o ventre, gestando o verbo no profundo, antes de dá-lo à luz. Com a mão, moldando maneira, sua forma última no papel. Com o sexo, regando as frases com o melhor de seu mel. / Pouco importa. Seu verso é feito do mesmo barro de Manoel.
Viviane tem um caso com as palavras, na medida do impossível, um caso muito bem resolvido.
Imagem: Faith Hope, Love, by THC
