O título pode lembrar um filme japonês de 1976, que faz o gênero erótico-dramático,ou até o cantor e compositor Amado Batista numa de suas composições que leva o mesmo nome. Mas, na realidade, esse Império dos Sentidos de erótico não tem nada. Mas que mexe com outros sentidos...ahhh...isso mexe. E muito !!
Em Frankfurt, na Alemanha, existe um museu, o Dialog Museum, que resolveu oferecer aos visitantes a oportunidade de conhecer o dia a dia dos portadores de deficiência visual (é ...eles são portadores de deficiência e não "deficientes",como alguns prezados ignorantes costumam dizer).Tenho um grande amigo que é portador de deficiência visual e é um excelente advogado.
Quem visita o local é levado por um guia (também portador da deficiência) a experimentar cheiros, seguir direções,e até fazer compras, utilizando uma bengala e apenas seus outros quatro sentidos: audição, olfato, paladar e tato. Sem contar o sexto sentido,mas esse é privilégio do sexo feminino.
Há um momento em que os visitantes são levados ao restaurante Taste Darkness e aí é que se constata o quanto deixamos de aproveitar os outros sentidos, senão o da visão.
É uma experiência interessante, por exemplo, ficar à frente (sem enxergar) de uma salada com vários ingredientes, uma tora de queijo, ou mesmo uma quiche de presunto. E mais ainda colocá-las na boca.
Nesse momento,a utilização do olfato é primordial. ( se o queijo for francês, então). É super agradável, também, porque os cheiros nos invadem, nos dominam. E o cérebro, comedor nada exigente,se regala com o aroma e o gosto de cada pedaço que levamos aos lábios.
É uma experiência interessante, por exemplo, ficar à frente (sem enxergar) de uma salada com vários ingredientes, uma tora de queijo, ou mesmo uma quiche de presunto. E mais ainda colocá-las na boca.
Nesse momento,a utilização do olfato é primordial. ( se o queijo for francês, então). É super agradável, também, porque os cheiros nos invadem, nos dominam. E o cérebro, comedor nada exigente,se regala com o aroma e o gosto de cada pedaço que levamos aos lábios.
A sensação ao se levar um suco à boca,de olhos tapados,por exemplo,é surreal.É nessa hora que reconhecemos a ponta da língua como a única parte da boca que registra claramente a presença do sabor adocicado. Quem tem a imaginação fértil, então ,tem a impressão de estar vendo a fruta.
Agora compreendo porque a escritora Veronique Vienne diz, em "Arte de Saborear","que pratos exóticos ou incomuns podem fazer com que glutões e gourmets fechem os olhos- e se sintam inebriados- de tão intenso e rápido o fluxo da atividade mental necessária para decifrar esses gostos complexos".
Para se ter uma ideia de quanta iformação vem embalada no sabor da comida,é só pensar na obra de Marcel Proust. Com apenas uma mordidinha na "madeleine",(um bolinho típico,em forma de "concha") o escritor francês reteve na memória, inesperadamente,material suficiente para escrever seu "Em Busca do Tempo Perdido", uma obra-prima, um dos romances mais lidos da literatura moderna.
Os pratos no Dialog Museum são servidos pelos próprios portadores de deficiência visual e o menu, caso você queira,é mostrado ao sair do restaurante.
Há quem vá só para "curtir" o lugar, mas há também quem saia de lá pensando que mesmo com o desenvolvimento de tecnologias de acessibilidade, (programas leitores de tela, caixas eletrônicos com sistema de orientação por voz, identificação em Braille em algumas mercadorias etc.) muito ainda há por fazer no nosso país pelos portadores de deficiência visual.
Na ocasião, pra variar, :)lembrei muito do Jardim Botânico aqui do Rio, que disponibilizava um Jardim Sensorial para os portadores de deficìência visual. Eu disse disponibilizava, porque atualmente não há guia preparado para as visitas.
Dá vergonha de ver um projeto tão interessante não ter ido à frente seja por falta de patrocínio ou de vontade política.
A visita ao Museu não seria mais agradável do que conhecer o Jardim Botânico do Rio de Janeiro, que também abriga uma das mais importantes coleções vivas de plantas nativas e exóticas.
Dá vergonha de ver um projeto tão interessante não ter ido à frente seja por falta de patrocínio ou de vontade política.
A visita ao Museu não seria mais agradável do que conhecer o Jardim Botânico do Rio de Janeiro, que também abriga uma das mais importantes coleções vivas de plantas nativas e exóticas.
Quem quiser conferir o que digo é só clicar aqui, onde está o Jardim Botânico.
Já o Dialog Museum está aqui nesse link : http://dialogmuseum.de/.
L.M.
E.T.
Há uma parte do museu que eles chamam de Cassino da Comunicação, em que se trabalha a habilidade verbal. É bem interessante. Mas indo com um grupo grande de visitantes alemães, já viram, né, quem não domina o idioma,além de não enxergar, fica mudo.
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Recadinho:
Queridos amigos
Por problemas "logísticos",(incluo trabalho neles)ficarei, temporariamente, sem replicar os comentários dos amigos,o que curtia muito e me dava muita alegria.
Lamento muitíssimo, nem podem imaginar como...
Fui recrutada para uma tarefa e me deram um prazo curtinho,curtinho para finalizá-la.
Um beijo
Lau
Mas olha só... não deixarei de visitar vocês não,hein ... Nem que "chova canivete".:)
Quero deixar bem claro que continuarei aqui recebendo a todos de braços abertos.
Desculpem, tá? Será por pouco tempo.
Lau
Imagem: Blind, by Pixdaus
A segunda imagem é minha, de Frankfurt, por onde passei no mês de agosto.