Wednesday, September 9, 2009

"O Tarado do Metrô "

Viajar de metrô é tão agradável, ar condicionado no máximo, não se pega engarrafamentos.Super confortável.Todas as vezes que viajo de metrô procuro aqueles bancos de dois lugares. Prefiro esses e normalmente não sento colada à janela do vagão porque odeio pegar uns” insones” que resolvem recuperar a noite mal dormida e se jogam na nossa direção.

Alguns homens, então, além de dormirem, parecem que têm um caminhão entre as pernas (desculpem, amigos) e vão nos empurrando... empurrando... reduzindo, consideravelmente, nosso espaço. Eu já me peguei dando muitos “chega pra lá” nessas pessoas “mal dormidas”.

Continuando... hoje, eu não consegui lugar nesses bancos, acabei sentando naqueles maiores que ficam no final do vagão onde as pessoas ficam de frente umas para as outras.

Depois de devidamente sentada, abri minha bolsa, peguei meu livro (ando sempre com um na bolsa) e me acomodei. Como ando ligada em tudo que acontece à minha volta, de vez em quando gosto de conferir o ambiente. Coisa de gente curiosa, sei.

E numa dessas conferidas notei que um passageiro, de camisa azulão e com uma pasta sobre as pernas sentado no banco em frente ao meu, não parava de olhar para os meus pés. Fiquei “encafifada”, pensando: ”o que será que tenho nos pés?” “Limpos eu sei que estão, unhas pintadas, nada escandaloso ... esmalte clarinho, unha francesinha”.

Rapidamente me veio à cabeça a ideia dele ter visto alguma coisa embaixo do banco. Fiz um esforço e tentei desbravar o fundo do banco com meus pés, empurrando-os o máximo possível, mas não achei nada.

Voltei a ler, mas aquilo não saía da minha cabeça. Meus pés já estavam dormentes. E todas as vezes que levantava os olhos, lá estava o “apreciador de pés” de plantão. Cheguei a pensar que ele poderia ser podólogo, pedicure ou quem sabe um massagista. 

Abrindo um parênteses, existe uma massagem nos pés que se chama reflexologia que é um espetáculo. Certa vez, ganhei de presente do meu filho mais velho um vale para uma massagem dessas e adorei. Como relaxa! Aconselho a experimentar.

Hoje em dia, fiquei pensando, as pessoas andam tão estranhas... Li hoje que um indiano entrou para o Guiness por causa o pêlo da sua orelha que chega a 13, 2 cm, imaginem... 

Mas, voltando ao assunto, a verdade é que me baixou uma paranóia e viajei mesmo na imaginação, pensando que poderia haver falta de energia no metrô e o tal homem puxar os meus pés. Mas logo voltei à realidade, respirei fundo e controlei a paranóia .

Fiquei o máximo de tempo que pude resistir com os pés no fundo do banco e notei que ele desviou o olhar para o lado oposto onde onde estava sentada uma outra passageira.

“Humm, o que será?”, me perguntei. Resolvi esticar meu pescoço, sem nenhuma cerimônia, e observei que, coincidentemente, essa outra passageira também estava com os pés à mostra, numa sandália também comum como a minha, nada “chamativa”, adjetivo preferido de uma amiga.

A essa altura, minha irritação já podia se sentida por qualquer um. Uma senhora de uns 70 anos, que estava ao meu lado colocou a mão, em concha, como se fosse me contar um segredo e disparou: “não ligue para esse "trem" bobo, não.” (Como já morei uma época da minha vida em Barbacena, conheço muito bem os vocábulos mineiros, logo deduzi que ela estava se referindo ao nada discreto passageiro e não ao trem do Metrô, lógico).

E ela continuou : "ele está olhando para os seus pés”.”Isso é tara por pé de mulher”."Pé de quê?”, perguntei assustada. Juro que entendi pé-de- moleque. O som saiu meio distorcido.

“Pé de mulher”, repetiu a senhora. “Há homens que não podem ver pés femininos expostos, ficam loucos.Isso é tara”. "Esse aí tem mesmo cara de tarado, afirmou categoricamente”, com aquela voz de quem está falando “entre dentes”.

“Ahh, só me faltava essa. Então vamos ter que andar de meias no metrô ?” respondi com a voz mais alterada, propositalmente, para que o “podólogo”, “pedicure” ou mesmo o “tarado”- como classificou a experiente senhora no assunto- se mancasse. Ele deu uma disfarçada, mexeu na bolsa  que trazia sobre o colo, e segundos  depois começou a se preparar para saltar do metrô.

Quando o trem chegou à estação da Glória, para minha tranquilidade, a figura saltou. O restinho da viagem, até à Cinelândia, meu destino, transcorreu com um agradável bate-papo com a nova amiga que fiz . Ela tinha uma experiência nesses assuntos...

Chegando ao trabalho, fui recebida pelo meu fiel escudeiro Ednaldo. Uma pessoa maravilhosa. Sofrido, mas de uma sabedoria e de uma sinceridade...

_"Ednaldo, tem alguma coisa errada com os meus pés?", perguntei. Ele, prontamente, respondeu: _"Não. 1, 2 , 3, 4, 5... 10 dedos, tudo no lugar. D. Lau. ”.

Não satisfeita quis saber mais: - "Você gosta dos pés das mulheres, Ednaldo"?

- "Euuuu?? Que ideia, D. Lau”. “Eu tenho os meus, por que vou querer os dos outros”.

Ao ouvir declaração tão espontânea e sincera, respirei aliviada e comecei a trabalhar.

Um beijo, amigos.


Lau


E.T. Hoje à tarde tive que ir ao centro e utilizei o metrô. Assim que entrei vi uma cena que me lembrou esse post, publicado no Globoonliners em 2008. Como dizem que "recordar é viver" ...mesmo que seja em “situações saia justa”- como essa- resolvi republicá-lo.


SOS. Preciso de ajuda. De uns tempos pra cá, não consigo formatar meus textos. Dá pra notar. Nao sei o que acontece. Caso alguém saiba o que deve ser feito, aceito o "help". bj


 Tricolor, recuperei meu post. Uhuhuhu!!! Quem tem padrinho, não morre pagão, né Tricolor?  Só os comentários que sumiram. Snif...