Casamento do Céu e do Inferno
No azul do céu de metileno
a lua irônica
diurética
é uma gravura de sala de jantar
Anjos de guarda em expedição noturna
velam sonos púberes
espantando mosquitos
de cortinados e grinaldas.
Pela escada em espiral
diz-que tem virgens tresmalhadas,
incorporadas à via láctea,
vaga-lumeando...
Por uma frincha
o diabo espreita o olho torto.
Diabo tem uma luneta
que varrre léguas de sete léguas
e tem o ouvido fino
que nem violino
Diabo espreita por uma frincha
Lá embaixo
suspiram bocas machucadas
Suspiram rezas? Suspiram manso,
de amor.
E os corpos enrolados
ficam mais enrolados ainda
Que a vontade de Deus se cumpra!
Tirante Laura e talvez Beatriz
o resto vai pro inferno.
(Excertos)
"Eu não sabia que minha história era mais bonita do que a de Robinson Crusoé".
(Do poema "Infância"- Excerto)
(Carlos Drummond de Andrade) (link)
Disclaimer:
Amigos,sou Drummondiana assumida.Já deu pra notar, né? :) Meu querido e saudoso pai teve a oportunidade de conversar com o poeta. Naquela época os celulares ainda não pipocavam e ele não eternizou esse momento.Lamento tanto.Como gostaria de publicar uma foto dos dois aqui.
E de ter conversado com Drummond,também.
E de ter conversado com Drummond,também.
O poeta ,na entrevista que concedeu à Maria Zilda Ferreira Cury sobre o livro "Alguma Poesia", confessou que se dedicou ao verso livre por não saber o que era o verso metrificado, por supor que o verso carecia de ritmos e regras, e por outras ignorâncias. "Eu não acredito que tenha sido assim: prefiro considerar que esse era seu modo espontâneo de se expressar", declarou Manuel Granã Ectheverry.
E eu, Lau, também. E,justamente, por essa maneira descontraída,espontânea, e rebelde de ser que Drummond é tão querido por seus leitores.
O adjetivo rebelde que utilizei foi em razão do que todos devem saber: o poeta foi expulso do Colégio Anchieta, em Nova Friburgo, Rio de Janeiro, por “insubordinação mental”, uma vez que escrevia suas poesias nas aulas de ensino religioso.
Drummond jamais escondeu a decepção pela injustiça a que fora submetido. Em 1941, afirma em uma entrevista: “Perdi a Fé. Perdi tempo.Sobretudo, perdi a confiança na justiça dos que me julgavam".
No que ele fez muito bem, minha opinião. (L.M.)
E eu, Lau, também. E,justamente, por essa maneira descontraída,espontânea, e rebelde de ser que Drummond é tão querido por seus leitores.
O adjetivo rebelde que utilizei foi em razão do que todos devem saber: o poeta foi expulso do Colégio Anchieta, em Nova Friburgo, Rio de Janeiro, por “insubordinação mental”, uma vez que escrevia suas poesias nas aulas de ensino religioso.
Drummond jamais escondeu a decepção pela injustiça a que fora submetido. Em 1941, afirma em uma entrevista: “Perdi a Fé. Perdi tempo.Sobretudo, perdi a confiança na justiça dos que me julgavam".
No que ele fez muito bem, minha opinião. (L.M.)
"Alguma Poesia abriu um novo rumo,e um novo período, nas letras Brasil ",acrescenta Etcheverry.O livro é um barato,eu quem digo. :)
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Mais um recadinho
Seja bem-vindo, novo @migo que ancorou por aqui.
Um bom fim de semana para quem passar por aqui.
Um beijo
Lau
p.s. desculpem pelo post enooorme, deu vontade de escrever.. :)
Fonte: "Alguma Poesia"- Carlos Drummond de Andrade- Editora Record
"O Casamento do Céu e do Inferno", página 19 ; "Infância", página 17
Imagem: " ANGELIKA- flying away".By Arnold Ochman