"Lavadeiras,1944-" de Guido Viaro.
A lavadeira e a pedra formam um ente especial, que se divide e se
unifica ao sabor do trabalho.Se a mulher entoa uma canção, percebe-se
que a pedra a acompanha em surdina.
As lavadeiras de Moçoró, cada uma tem sua pedra no
rio;cada pedra é herança de família, passando de mãe a filha, de filha a
neta, como vão passando as águas no tempo.As pedras têm um polimento que
revela a ação de muitos dias e muitas lavadeiras. Servem de espelho a suas
donas.E suas formas diferentes também correspondem de certo modo à
figura física de quem as usa.Umas são arredondadas e cheias,
aquelas magras e angulosas, e todas têm ar próprio, que não se presta a
confusão.
Outras vezes, parece que o canto
murmurante vem da pedra, e a lavadeira lhe dá volume e desenvolvimento.
Na
pobreza natural das lavadeiras,as pedras são uma fortuna, joias que elas
não precisam levar para casa. Ninguém as rouba, nem elas, de tão fiéis,
se deixariam seduzir por estranhos.
(Meu eterno parceiro, Carlos Drummond de Andrade, in Contos Plausíveis)
p.s. relembrando, a série I (2012) começou com esse aqui,
E seguiu : aqui, aqui, e aqui. :
Para companhar Drummond e suas lavadeiras,
deixo Zé Ramalho e Claudia Olivetti, que já passaram por aqui.
:)
Boa semana
Um beijo
Lau
E seguiu : aqui, aqui, e aqui. :
Para companhar Drummond e suas lavadeiras,
deixo Zé Ramalho e Claudia Olivetti, que já passaram por aqui.
:)
Boa semana
Um beijo
Lau
Fonte: Carlos Drummond de Andrade (link) in Contos Plausíveis, pág.96. Editora Record.