Há pouco tempo li um artigo muito fofo numa revista de bordo- não cito o nome da companhia aérea porque não incluí o gadget “AdSense” no Renascendo e, além disso, algumas companhias aéreas estão deixando a desejar. Mas cito quem escreveu o artigo. Vinha assinado por Claudia Lima, diretora de redação dessa revista de bordo,e levava o título “Paladar Infantil?”.
Bem diferente de algumas reações desagradáveis que se sente ao "voar ", Claudia , com seu texto, me levou a aterrissar, com saudade, não só no meu tempo de criança como no de meus filhos .
A jornalista que acumula a função de “aprendiz de chef de cozinha”, como ela própria se nomeia, fala no artigo sobre aqueeeelas receitas com os ingredientes mais estapafúrdios que viravam uma gororoba , os olhos e por que não o estômago de quando éramos (?) crianças . Eram receitas sem pé nem cabeça. Mas que faziam a cabeça e ainda fazem de muitos meninos, meninas e grandões.
Quem não se esbaldou com um prato de Mandiopã na frente da TV? Pergunta Claudia logo no início de seu texto.Ela conta que quando criança , comia quase todas as manhãs uma “coisa” que consistia no seguinte: leite quente com açúcar, acompanhado de um biscoito que era triturado com a colher.Segundo ela, era energia para dar e vender. E ela cita outras receitas bizarras, como arroz papado com orégano , prato preferido de um amigo dela que morava sozinho.
Ao terminar de ler o artigo lembrei das “gororobas” que fazia quando criança e que meus filhos, tempos depois, começaram a criar . Eu adorava manga. E doce de leite com canela, mais ainda. Uma gororoba mestre, reconheço. Mas era um drama porque minha avó, coitadinha, acreditava que manga com leite matava. Quantas vezes cruzei os dedinhos nas minhas costas “jurando”, (que pecado) que não havia chupado manga. Só para poder me deliciar da minha criativa mistura.
Já meu filho mais velho adorava comer goiabada com farinha láctea, regadas ao leite condensado. Uma mistura pra lá de mel...ada, mas era a sua preferida. E a energia que ele recebia , “Benza Deus”, era de derrubar qualquer um. Eu que o diga.
Conversando com alguns amigos dos meus filhos e meus , fiquei sabendo de cada mistureba de arrepiar. Um me disse que adorava comer macarrão com banana . Detalhe: amassados com o garfo. Mas não parava por aí, ele regava com ketchup. Urgh....
Mas há também gororobas que nos são impostas, como, por exemplo,a que me confidenciou um outro amigo. Ele era magriiiinho, quando criança, e todas as manhãs sua avó lhe dava gemada misturada ao café com leite. Segundo ele, se fosse agora teria um “choque proteico”. rs
Uma outra amiga conta que o filho (esse é conhecido) rs até hoje quando chega das noitadas, liga a TV, come ovo mexido com mostarda e açúcar. (? )De sobremesa: leite em pó, gergelim e mel. Haja energia. Para outra noitada, lógico...
Encerrando o menu das “gororobas” , não posso deixar de citar um outro amigo de infância. Esse, desde criança, adora uma canja de galinha, mas, com pedaços de presunto. E se não tiver o presunto a canja não desce, assim ele diz . E pelo visto não é o único a gostar de canja de galinha com algum item a mais.
Historiadores sustentam que D.Pedro II adorava canja de galinha. Não abria mão da canja porque a achava revigorante. No livro A canja do imperador (Companhia Editora Nacional),o jornalista J. A. Dias Lopes conta como D.Pedro II era um sujeito interessante. O imperador também gostava de açúcar. De muito açúcar. E antes de o sorvete chegar ao Brasil, em 1834, D. Pedro tomava canja de galinha com “água de açúcar”.
Cada um ... cada um... foi como a jornalista acabou a matéria e, coincidentemente, é uma expressão que uso há anos.... Acho a expressão “democrática”.
Um beijo e um bom fim de semana prolongado.
Viva Sete de Setembro!!!
Lau
E.T. Adoraria saber de mais gororobas. A mais recente que conheci foi a de “brigadeiro com pedacinhos de queijo minas”. Assino embaixo. rs
Fonte de Inspiração para o meu texto: Revista de Bordo de uma determinada Companhia Aérea. Artigo assinado por Claudia Lima, diretora de redação dessa revista..
A canja do imperador (Companhia Editora Nacional) de J. A. Dias Lopes.
Ilustração: Flickyr