Saturday, November 5, 2016

" Não Há Vagas"

 Imagem com licença poética

O preço do feijão 
não cabe no poema. 
O preço do arroz 
não cabe no poema. 
Não cabem no poema o gás 
a luz o telefone 
a sonegação 
do leite 
da carne 
do açúcar 
do pão 

O funcionário público 
não cabe no poema 
com seu salário de fome 
sua vida fechada 
em arquivos. 
Como não cabe no poema 
o operário 
que esmerila seu dia de aço 
e carvão 
nas oficinas escuras 

- porque o poema,senhores, 
   está fechado: 
   "não há vagas" 

  O poema,senhores, 
   não fede 
   nem cheira 

(Ferreira Gullar,  in "Não Há Vagas" ) excerto


Escolhi Gullar em protesto às medidas "inconstitucionais" que foram anunciadas pelo governo do Estado do Rio de Janeiro,(link)  Além de medidas desumanas, (link) ainda querem confiscar o salário do pobre coitado aposentado que percebe um salário pífio e ainda será obrigado a descontar 30% do que recebe.  
 "A humanidade,q é pouco sensível,não se angustia com o tempo, porque faz sempre tempo; não sente a chuva senão qdo não lhe cai em cima", diz Fernando Pessoa in  seu Livro do Desassossego.
Não me sinto enquadrada nessa humanidade que fica em cima do muro, faz uma média aqui, outra lá. 
Não  aos  covardes. Não aos maus políticos.Não aos governantes incompetentes.Não à tirania.Não ao Cinismo.Não à hipocrisia. Não aos "stalkers insistentes".
Não aos "pífios" (generalizando) .
Os fortes entenderão.


Para acompanhar a imagem, sonzinhos es-co-lhi-dos a de-dos .Lembro sempre de meu querido e saudoso pai  que citava Guevara, quando eu me rebelava : 
"Hay Que Endurecer, Pero Sin Perder La Ternura Jamás” . 

    Ei-los :)   
1-♫ 
2-♫ 
3-♫ 


 Desculpem a veemência.
Um beijo
Lau





Fonte: Ferreira Gullar -Antologia Poética 

Imagem  " Não Há Vagas"/ No Vacancies  com licença poética / captada na Web.