Thursday, January 29, 2015

"Série Contos de Drummond 2015"-"Dessa água Não Beberás"

                                                            Imagem com licença poética


Por que Demétrio não se casa? Era indagação geral. Demétrio namorava, noivava,não casava. Sete dias antes do casamento, olha aí Demétrio fugindo. As versões eram múltiplas. A noiva é que o despedira. Tiveram uma briga feia. Gênios incompatíveis.Mal secreto. Intrigas. 
Demétrio continuava a namorar, noivar e não casar. Não lhe faltavam noivas, pois era agradável, tinha status. Quanto mais se desmanchavam os projetos de casamento,mais apareciam mulheres dispostas ao desafio, exclamando: 
— A mim ele não deixa na porta do Mosteiro de São Bento.Deixava.E quanto mais deixava, mais seu prestígio crescia. Concluiu-se que era sua maneira de afirmar-se. 
Então Livaniuska decidiu enfrentá-lo.Noivou com ele e, uma semana antes do casamento,deu-lhe um fora solene. Demétrio quis reagir, explicou à repórter social que ele é que tomara a iniciativa, mas a mentira foi patente. Livaniuska foi contratada como atriz por uma emissora de TV e ficou célebre. 
Daí por diante ela repetiu a carreira de Demétrio, noivando e desmanchando com inúmeros cavalheiros. No fim de cinco anos, Livaniuska e Demétrio casaram-se para sempre,como era fácil de prever mas ninguém previu.

 (Carlos Drummmond de Andrade, o Grande) (link)

Esse Drummond...hehehe...

 Hoje vou dar um repeteco numa musiquinha, no tema do conto, diria, que nesse fim de semana foi muito clicada em um dos posts antigos do meu blog. Está aqui.


Ah...fim de semana chegando, vou deixar mais uma ♪♪ muuuito clicada também, em uma das  homenagens que fiz a Drummond. O som na caixa tá aqui.  ( mudei o vídeo porque o outro era cafonérrimo).:) 
                              

                             Bom fim de semana para os amigos que me leem.
                                                                 Lau

  

"Recadinho"
 Obrigada ao novo @migo que aqui chegou.
Seja bem-vindo!! 




Imagem: "Thirst", by Pixdaus.
Fonte: Contos Plausíveis, Carlos Drummond de Andrade, pág. 72. Editora Record.